Será que ele sofre?
Será que ele tem prazer?

O bebê é provido dentro do útero materno de tudo o que ele necessita.

 

Tem as pessoas que dizem que se ele chora ao nascer é porque sofre. Mas temos os partos humanizados como o parto na água, por exemplo, no qual a criança não chora, mas é conduzida a mamar e mantém-se em contato com o corpo da mãe na água quente – como se ainda estivesse no mundo liquido no qual foi gerado.

Porém, é fato que o bebê perde o modo de vida parasitário no qual foi gerado. A oxigenação não vem mais pelo sangue materno passando pelo cordão umbilical. É preciso se dar ao trabalho de respirar. A primeira respiração queima as entranhas daquele que está vindo de um mundo aquático para aprender a sobrevir num mundo aéreo.

Os nutrientes que também vinham pelo cordão umbilical agora deverão ser sugados pela boca, processados e transformados pelo processo de digestão. Orgãos que nunca foram usados e que deverão funcionar para que a criança sobreviva no seu novo planeta.

Isso só para falar na respiração e alimentação, atividades básicas para a sobrevivência. Mais adiante falaremos sobre a prematuridade característica do bebê humano.

Lacan, o grande psicanalista francês que renovou Freud, afirma que: "Esses mal-estares primordiais têm todos a mesma causa: uma insuficiente adaptação à ruptura das condições do ambiente e de nutrição que constituem o equilíbrio parasitário da vida intra-uterina."

Então, segundo Lacan, há um mal-estar primordial, ou seja, um sofrimento, devido à ruptura da vida intra-uterina. Definição de mal-estar: sensação física ou emocional desagradável.

Portanto o bebê nos seus primeiros 6 meses de vida sofre sim. No próximo falaremos mais sobre o assunto.

Luciene Godoy - Psicanalista